terça-feira, 29 de março de 2011

SURPRESAS DO COTIDIANO

Hoje, como sempre, vivi uma experiência única na universidade. Eu estava na companhia de alguns amigos e colegas de curso conversando sobre alguns textos. Fomos surpreendidos por uma outra colega (que não citarei o nome), de minha própria turma, do curso de Licenciatura Plena em História, que ao meu ver teve uma atitude estranha: ela chegou e cumprimentou meus amigos e só após algum tempo percebeu a minha presença, me saudando com um simples “oi”. Estranhei essa atitude, pois me senti invisível diante dela. Será que a cegueira era só dela? Não sei. Talvez o tempo me dê uma resposta. Peraí! Será que sou eu que preciso de uma resposta? Ou é ela que precisa refletir mais na sua formação acadêmica. Eu reconheço que ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas quando se trata do conhecido, penso eu que não se ignora qualquer indivíduo que seja, por mais invisível que ele pareça...
Vivemos num país onde a educação é a parte da formação do indivíduo. Como aceitar que no ambiente acadêmico tais situações ainda ocorram? Penso ser inaceitável que uma pessoa disposta a se formar como educadora – seja em qual for a área de atuação – seja capaz de agir de tal forma. Como será a atuação desse profissional dentro do “campo de batalha” – e aqui me refiro à sala de aula, onde, atualmente, a inclusão de pessoas portadoras de deficiência física vem sendo cada vez mais forte –. Será que vai continuar com essa cegueira? Não se coloca venda nos olhos quando o outro existe. Segundo Paulo Freire ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, e é preciso atentar para isso: no respeitar, no observar, no ver o outro, ainda mais quando se fala em educação. Você tem que ser o exemplo a dar e a ser seguido.
Fico imaginando pessoas como essa em um “campo de batalha” onde a adversidade é visível, palpável e real. Será que desistirá de atuar em sua função? Penso que não, pois precisará. A nossa sociedade é uma sociedade anomalíaca, não no sentido mais cruel da palavra, mas quando se trata do aceitar e conviver com a diferença. É muito mais fácil ignorar do que dar ao diferente o que não se tem pra dar: o respeito e a aceitação.
Não gosto de tocar feridas parcialmente curadas, mas nesse caso as irritações me ferem e não aceito. Talvez a vivência não fosse o suficiente para mostrar que não é tempo de ignorância. Ainda assim, acredito que tudo pode se transformar. Não sei como, mas acredito. Socialmente, precisa-se levar um susto para o despertar. Assim eu convivi, e convivo, até hoje com essa dialética – dicotômico como se vivêssemos no tempo onde tudo parou, onde tudo se padronizou –. É preciso quebrar com essa ideia, desconstruir esse discurso falso e irônico de uma sociedade igualitária e aceitadora. Talvez esse sonho se realize. Para isso é preciso gritar bem alto “eu existo!” e, com isso, tocar a alma daquele que não entendeu seu propósito na inclusão.


Joabe Tavares de Souza - Joabe o Poeta.

3 comentários:

  1. Jô meu poeta querido, há pessoa que não tem razões para existir, e viram isso, uns idiotas, outas é a própria razão da existência, como você é,esse amor de ser humano, te amo meu amigo, vamos orar ou mandar essa idiota ir se f... (deixa pra lá)

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  2. Meu caro Joabe, somos frequetadores do seu blog e adoradores dos seus poemas. Em relação a essa situação escita acima é o que acontece com muitos de nós. A sociedade brasileira precisa ser educada e não treinada, foi o que Èrico veríssimo escreveu certa vez.

    Todos nós que seremos professores, temos que nos abster e deixar de lado qualquer forma de preconceito. È inadmissível para um professor carregar durante suas atividades escolares uma carga de preconceito. Temos que construir uma sociedade mais justa, iguaitária e democrática. E para chegarmos a isso é preciso começar na base escolar (educação infatil) e ser potencializada no ensino Superior.

    Somente assim, passaremos a olhar todos de forma harmonica e igualitária, independente de suas diferenças.

    um Grande abraço.

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  3. Tive o desprazer de observar essa pessoa no momento em que você foi ignorado, pois acredito que eu seja um dos que você chama de amigo. Inclusive tenho bom relacionamento com essa pessoa, não de amizade porque o pré-requisito para que eu seja amigo de alguém é que haja um resquício de sensatez por parte do "outro", já que eu procuro me atentar muito com relação a mim mesmo e ao meu modo de ser e agir. Lendo este texto, caro Joabe, lembro-me das conversas que tivemos sobre o "ser diferente", o que, por sua vez, inclui todas as "minorias sociais". Os pré-conceitos levam aos perconceitos, que, em sua maioria, só não levam à discriminação porque as pessoas tendem a ser demasiadamente hipócritas. Desses, os piores são os que se dizem intelectuais, por causa de suas graduações, mas que, ainda assim, promovem a (in)diferença social. Esses são, pra mim, os mais "baixos de espírito". E não digo espírito no sentido religioso(até porque sou um quase ateu), mas no sentindo comportamental. Desejo-te determinação não só em sua vida acadêmica, como no seu projeto de conclusão de curso que aborda essa temática inclusiva, mas na sua vida pessoal. Faça de sua luta uma bandeira da qual você possa se orgulhar de ter hasteado e, mais que isso, fazer com que os verdadeiramente diferentes (e aqui me refiro aos leigos, limitados mentalmente - o que é bem pior) enxerguem vida por detrás daqueles que, prositalmente ou não, são socialmente excluídos. Ser humanos não são como as árvores que quando não são mais útieis aos que preservam padrões, ao invés de vegetações e éticas não-fajutas, são derrubadas. Um abraço!!!

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