segunda-feira, 2 de abril de 2012

O SÉCULO XX E A MUDANÇA NOS IDEAIS DE BELEZA DO CORPO FEMININO

A partir da Revolução Industrial, o condicionamento físico passou a ser uma necessidade prioritária dos homens que precisavam trabalhar durante horas. A partir do século XX, as indústrias, impulsionadas pela lógica moderna da contemporaneidade, passaram a invadir a vida cotidiana, influenciando-a a consumir. E se antes a estética corporal era negligenciada, agora uma estética ligada ao mercado e ao corpo começa a se tornar um objeto dentre outros. A beleza passa a adotar a serialidade, a massificação e a homogeinização como partes constitutivas do mundo moderno industrial em ascensão [FERREIRA, p. 190].
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), muitas mulheres perdem seus maridos nos campos de batalha. Com isso, veem-se obrigadas a assumir uma nova postura: ingressar no mercado de trabalho. Sendo assim, uma nova mulher emerge das profissões mais ativas e a ilusão de ter conquistado seus direitos faz com que ela passe a valorizar e investir mais no seu corpo [op. cit.]. O consumismo voltado à estética feminina acentua-se e as mulheres, agora mais libertas das amarras da tradição, passam a valorizar-se. Os “cuidados com o corpo” passam a ser estimulados.
Na década de 1930, o ideal de beleza do corpo feminino compreende uma silhueta esbelta e esportiva, com membros finos e músculos sem gordura [op. cit., p. 191, apud VIGARELLO], ou seja, as gordurinhas já não eram mais valorizadas. Em seu lugar, o “ser magro”, como ideal de “saúde” e, sobretudo, de beleza, tornou-se o padrão a ser conquistado pelas mulheres. O sobrepeso passa a ser sinônimo de patologia e infelicidade. Nesse momento, surgem os concursos de beleza, transformando a magreza no novo padrão estético.
Depois da Primeira e antes da Segunda Guerra Mundial, a indústria cinematográfica estunidense passa a influenciar cada vez mais nos padrões de beleza e, consequentemente, no imaginário acerca do corpo. Nesse contexto,
A “usina de sonhos” hollywoodiana cria temas, universos, heróis, hábitos, valores, difunde uma cultura e cria novas referências. Novos padrões de beleza são estabelecidos, novos produtos cosméticos e novos modismos são criados a partir de um mercado editorial que se expande e leva a novas “tendências” a diferentes lugares do planeta. [...] O padrão corporal das estrelas passa a ser buscado, trabalhado e construído arduamente através de exercícios que envolvem disciplina, cultura física e regime. Um imenso sonho social é criado a partir desse novo padrão de beleza. [op. cit., p. 192]
    Nessa mesma época a publicidade acerca das cirurgias plásticas se expande – e as “estrelas das telonas” vão influenciar muito nesse processo –, banalizando as “intervenções corretivas”. Esse excesso de vaidade passa a ser tão valorizado que até o mercado de trabalho adequar-se-á aos padrões de beleza reforçados pelos estadunidenses, ou seja, a beleza [agora] ajuda[rá] a conquistar e manter espaços, ao preço de uma eterna vigilância e de uma estrita soberania de si [op. cit., p. 193]. Na segunda metade do século XX, mais especificamente nos anos 50 e 60, o corpo se torna o mais belo objeto de consumo [op. cit., 194, apud VIGARELLO], de modo que a sensualidade e/ou a erotização serão amplamente valorizadas. O padrão moral vigente gradualmente desintensificar-se-á, visto que, a partir daí, as mulheres encararão suas sexualidades de uma maneira mais livre e naturalizada.
    Nos anos 60 e 70, surgem, nos Estados Unidos, movimentos de contracultura, que negarão a ordem estabelecida e criticarão os padrões morais e o consumismo desenfreado. A sexualização do corpo, daí por diante, acentua-se cada vez mais e a aparência torna-se a moeda principal nos mercados profissional e sexual, ela amplia a possibilidade de ascensão social [op. cit., p. 97]. Embora o sobrepeso, decorrente dos maus hábitos da contemporaneidade, tenha aumentado drasticamente desde então, o desejo das mulheres de possuir um corpo perfeito só tem aumentado. Nos anos 80, as “manequins” passarão a ser chamadas de “modelos”, o que determinará um novo padrão a ser seguido. Nos anos 90, o excesso de magreza das modelos passará a influenciar nos hábitos de vida de mulheres do mundo todo. Emagrecer passa a ser, cada vez mais, uma meta e, para tanto, muitas mulheres colocam suas vitalidades em risco. As formulas milagrosas e as dietas mirabolantes impulsionam o comportamento compulsivo nas mulheres, que poderão desenvolver, entre outras patologias, a anorexia ou a bulimia.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FERREIRA, Francisco Romão. In: Corpo Feminino e Beleza no Século XX. Disponível em: http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/Alceu21_12.pdf

Leonardo Nascimento

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